sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Permita-se esquecer







No filme “Brilho eterno de uma mente sem lembrança”, uma empresa cria um sistema para fazer que você esqueça parte de sua vida, como se ela nunca tivesse existido, quem não gostaria de fazer isso pelo menos uma vez na vida?! . Apagar algo ou alguém de sua memória é algo difícil e quando há o mínimo de afinidade se torna ainda mais doloroso. Permita-se esquecer, pense que você já tomou o remédio, trate sua vida como se fosse o último dia e o amanhã será um belo presente para você.
Toda historia começa com uma leve descrição de todo o local e ambiente, bem vamos antecipar, vou dizer o que ela causa: Felicidade e Decepção.
Primeiros dias do ano, como em todo país tropical o clima estava quente e o céu com um azul de dar inveja a qualquer pintor que busca a cor mais vívida pra desenhar seu quadro. Considerando que hoje é um dia de sábado, as pessoas em sua grande maioria estavam de folga, cada um procurando se divertir com suas roupas mais leves, shorts e camisetas de cores claras para não derreter com tanto sol. Suas peles ainda mudando de cor e a cada dia ficando mais escuras, na cor do verão.
Aquela cidade era próxima ao mar, uma capital com cara de interior, um grande calçadão onde passavam pessoas correndo, crianças e jovens andando de patins, gente idosa se exercitando e pessoas caminhando na praia, com um sorriso em um cansaço de felicidade. A noite cai suave, quase imperceptível, o céu ficava negro devagar e pequenos pontos brancos apareciam um a um, era possível ver uma lua tímida em seu formato crescente, aquela noite era perfeita para um passeio e foi isso que aquele jovem fez.
Ele não era alguém que chamasse atenção logo de primeira, altura média, cabelos curtos e cacheados, não tinha um corpo atlético, mas tinha os olhos claros e um tanto sérios. Naquela noite ele decidiu que não ia ficar em casa, se lembrando das coisas que acabaram de acontecer, sua vida estava conturbada e sua cabeça não conseguia pensar uma coisa somente, mas em todas que ele poderia tentar acertar. Aquele calor pedia uma bebida e distração, ele vestiu sua roupa mais simples, uma bermuda, camiseta larga e tênis, não queria chamar atenção, pois aquela noite seria para apenas observar e não ser observado.
Quando chegou escolheu um ponto movimentado, um pequeno bar a beira da praia onde tocava uma música animada e tinha bastante gente diferente de todas as idades. O jovem sentou em uma mesa pequena, no canto do bar, onde ele poderia olhar toda a movimentação do local, quem entrava, quem saía, as pessoas conversando, os amigos bebendo e rindo, a banda tocando, os namorados abraçados e as pessoas dançando. Uma brisa agradável passava por ele não fazia tanto calor assim, mas ele pediu uma bebida gelada e algo para comer. Aquela alegria e movimentação fez ele se distanciar um pouco de tudo que atormentava sua cabeça naqueles dias, aos poucos ele foi entrando na vida de cada pessoa ali, olhando como os amigos ficavam felizes a cada copo de cerveja, como a banda tocava mais animada vendo que mais pessoas levantavam e iam pro salão até mesmo uma briga de casal, daquelas silenciosas quando os dois não querem gritar, mas agem como estranhos deixando qualquer observador desconfortável ou ate mesmo dando vontade de ir lá dizer “Parem com isso, olha essa noite, olha o quanto vocês se amam, esqueçam isso e vão ser felizes.”, mas como observador, você deve apenas olhar e deixar tudo acontecer.
Quase no final de sua bebida, o garçom pergunta se ele aceita outra bebida, ele apenas consente com a cabeça. Quando ele levanta a cabeça e olha para entrada do bar, vê uma menina entrando com mais três outras, a diferença é que ela chamava mais atenção, não era muito alta, sua pele morena que combinava perfeitamente com o vestido branco longo que ela usava, daqueles vestido finos estilo romano que deixava algumas formas do seu corpo a mostra, mas eram apenas olhares de admiração. As garotas pareciam que já freqüentavam aquele lugar há um tempo, cumprimentavam os garçons e algumas pessoas com um sorriso e eram respondidas com carinho. Muitos olhares ficaram fixados na garota de branco, alguns até que deveriam estar fixados em outro lugar, como o rapaz do casal que brigava. Elas foram para uma mesa que ficava perto da banda, mas a uma distância onde elas poderiam conversar. Pediram uma bebida, o grupo de amigos que já estavam bêbados, se animaram e começaram a conversar como se estivesse planejando se aproximar delas, criando coragem pra a investida.
O rapaz por sua vez acabava sua primeira bebida enquanto o garçom chegou com a segunda, ele perguntou sobre as moças interessantes que acabaram de chegar, o garçom respondeu que são freqüentadoras do local há tempo, ótimas pessoas que sempre se divertem e nunca saem acompanhadas. Uma música animada começou a tocar do tipo que faria os pés mexerem sem que você perceba, aquele som agradável fez a garota de vestido branco levantar e ir para pista de dança, o calor não intimidou ela a se mexer, todos próximos da mesa dela começaram a olhar quando ela se levantou, deu pra ver o contorno em sua cintura quando o vestido caia sobre sua pele morena, seus cabelos longos mexiam com ela de um lado para o outro, acompanhando o ritmo da dança.
O rapaz em sua mesa ficou hipnotizado, parecia uma dança em câmera lenta, ela mexia seus braços e quadril como se sentisse o movimento da brisa, cada vez que ela virava, dava pra ver suas pernas grosas que ela deixava a mostra quando segurava saia e levantava para não pisar nela. Quando ela mexia seu pescoço em todas as direções em certo momento ela olhou diretamente para o jovem na mesa do fundo, quando isso aconteceu, ele engoliu a seco sua bebida, aquele olhar foi como se sua alma pegasse fogo, só tinha sentido aquilo uma vez na vida, só que dessa vez o olhar era mais seguro.
Ele acompanhou sua dança hipnotizante até o final, às vezes ela o encarava, mas ela estava mais preocupada em se divertir e era isso que ela fazia naquele momento. No meio da noite, ele não sabia se era a bebida, mas ele levantou e foi até a mesa da menina, tocou em seus ombros morenos e perguntou se ela não queria dançar com ele. Ela olhou para trás e respondeu que sim, que adoraria dançar com ele. Quando ela se levantou, segurou a mão dele e puxou para a pista de dança, perguntou seu nome e falou o dela, ele sentiu um calor percorrer seu corpo como se fosse a primeira vez que tocassem suas mãos, todo bar olhou impressionado com a coragem daquele rapaz. Ele disse meio sem graça que não sabia dançar, ela pegou sua mão e disse “coloque ela aqui, na minha cintura”, no mesmo momento ele travou, mas fez o que ela pediu. A dança começou, eles dançaram, giravam e mexiam-se de forma leve e animada, os dois riam de seus erros, o sorriso dela era algo que fazia você ficar feliz só de olhar, sua boca carnuda e vermelha de batom e seus olhos pequenos que pareciam menores quando ela sorria. No meio da segunda dança ela perguntou por que ele tinha demorado tanto pra chamá-la pra dançar, ele não respondeu nada por um instante e pisou no pé dela sem querer.
Algumas músicas tocaram, eles sentaram-se à mesa em que o rapaz estava, conversaram por horas tomando um drinque e outro. Quando foram embora o dia estava amanhecendo, ele ofereceu uma carona e pra surpresa deles, os dois moravam muito perto e nunca se viram antes. Quando chegaram ao prédio dela, um prédio não tão novo que ficava em uma esquina, de cores neutras puxadas para o azul e o portão de ferro cinza. Ele deu um bom dia pra ela e pediu que a visse de novo, ela respondeu “Agora você sabe onde eu moro, venha me ver quando quiser apartamento 403”. Logo em seguida ela deu um beijo em seu rosto e entrou sorrindo pelo portão, seus cabelos dançavam, não era um cabelo naturalmente liso, mas tinha uma beleza chamativa.
A partir desse ponto, a história toma um rumo diferente, seis meses de suas vidas se passaram, sonhos foram montados, eles foram felizes, viram sua vida crescendo a cada dia, tudo fazia sentido, por que sua vida existia, por que tinham nascido. Mas infelizmente, tudo pode mudar com algumas palavras e descobertas. A garota dos seus sonhos tinha uma história no passado que nunca foi resolvida e apesar do amor que ela sentia por ele, em apenas 6 meses ela ainda pensava em um amor do passado. Ele descobriu que sua vida não era completa, que seus fantasmas do passado faziam dele uma pessoa vulnerável, ela não conseguia mais pensar em dois amores, não confiava mais no cara que conheceu na pista de dança. E não entendia que todos têm um passado e que às vezes devemos passar por cima e esquecer. Ele descobriu seu amor do passado e se decepcionou com aquilo tudo. No começo ele não quis aceitar, mas percebeu que ele deveria se gostar mais e fazer aquilo que lhe fazia sorrir, e isso não acontecia mais com ele.
As horas e dias passam e as pessoas diziam que esquecer é a melhor coisa a se fazer depois de uma bela decepção, seja na vida, no amor, no trabalho, na escola/faculdade ou até mesmo na família. Cada pessoa tem um aprendizado diferente em cada situação e normalmente sempre buscam encontrar um meio de sair de cabeça erguida. Não há nada que tempo não cure certo? Pode até ser verdade, mas vale a pena perder seu tempo tentando curar algo que precisa existir?
Um belo dia ele viu no jornal que existe uma droga que fazia com que a pessoa bloqueasse as lembranças ruins de sua memória o nome é “Metirapona”, essa droga prometia fazer você “esquecer’ as coisas ruins de sua vida, aquilo que impactou sua vida de forma negativa. Depois de tentar buscar o lado positivo das coisas, ele decide tomar essa pílula, mas antes ele tinha de se desfazer de tudo que era dela, suas lembranças físicas, seus amigos, suas roupas, suas fotos enfim sua vida juntos. Ele preparou uma caixa grande e colocou tudo dentro, guardou em um cofre e jogou a chave fora, nesse dia ele foi ao médico, tomou seu remédio e continuou sua vida aos poucos ele não via mais ela passando pela rua, não via seu sorriso nas coisas mais bonitas, não se lembrava dela quando o vento balançava algumas árvores, não sentia seu perfume pelos corredores.
Em uma noite de domingo ele foi ate a rua e lembrou-se de um bar onde ele ia as vezes. Um pequeno bar a beira da praia onde tocava uma música e tinha bastante gente diferente e de todas as idades. O jovem sentou numa mesa pequena, no canto do bar, onde ele poderia olhar toda a movimentação do local, quem entrava, quem saía, as pessoas conversando, os amigos bebendo e rindo, a banda tocando, os namorados abraçados e as pessoas dançando.
Até que uma bela moça chegou com suas amigas, ele permaneceu em sua mesa ficou hipnotizado com os seus movimentos, parecia uma dança em câmera lenta. Ela o olhava como se o conhecesse, mas ele só estava interessado em passar o tempo.
Texto: Luiz Paulo Marçal
Revisão: Pamela Nantes


quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Fragmento de Estória



OBS: Ola, depois de um tempo não queria deixar aqui perdido. Essa Estória foi feita em conjunto com uma amiga. Mas nunca teve um fim...

Em uma tarde de outono vazia, fria e cinzenta que fazia deste um dia sem importância, uma garota de olhos escuros e tristes, magra, cabelos longos e pretos ate a cintura, estava em frente a um posto de gasolina. Ela olha, respira desanimada, move seus pés pequenos calçando um allstar rosa em direção a pequena loja de conveniência que não lhe parecia nem um pouco agradável. O ambiente parecia saído de um filme antigo, cheirava a mofo, era empoeirado demais para alguém com uma ponta de dignidade e bom senso se sentir a vontade e ela acostumada com a cidade grande, onde tudo era limpo e organizado cheio de movimento e cores para agradar as pessoas que viviam de forma elitista e egoísta e não enxergavam nada alem de seus objetivos diários. Mesmo assim, segue em direção a porta de madeira escurecida com vidros sujos, uma “sineta” faz barulho acima da porta e ao entrar, todos os olhares se voltam em direção a ela.
Alguém no caixa lhe cumprimenta como se por educação, sem obrigação de parecer ser gentil e no balcão o atendente de olhos caídos com um gorro amassado, um avental sujo e cabelos raspados atendia a um senhor de sorriso aberto mostrando a falta de um dente. Toda essa mudança de ar não deixava sua cabeça se distanciar de sua cidade e vida. Como estariam seus amigos? Como Pedro estaria? Será que ele ainda se lembrava dela? Será que não bastava ela ser culpada por algo que nem sequer estava envolvida? Será que ela teria mesmo que viver naquele maldito lugar? Todos pesavam seus pensamentos, uma dança dramática e com um final rancoroso.
Um passo em falso fez com que Julia tropeçasse e chamasse mais atenção. Imóvel e perfeita como uma estatua recém terminada, seus olhos ficaram baixos, seu cabelo caiu sobre o rosto belo e doce que ao mesmo tempo parecia esconder mil segredos de uma garota confusa. Seus pensamentos foram interrompidos por uma voz trêmula e apressada que recolhia seus livros espalhados pelo chão.

- Desculpe minha desatenção, “desconhecia”. – Dizia o garoto em tom de deboche e com um sorriso tímido.

Julia ainda parada apenas sorri, aquele rosto não lhe parecia estranho. Ela o conhecia, só não conseguia compreender de onde. Aquele menino de cabelos lisos arrepiados e avermelhados, tinha um sorriso tranquilizador e pacifico, parecia não pertencer aquele lugar, ele era levemente maior que ela. Ela percebeu isso quando ele se levantou e entregou-lhe os livros e teve que levantar um pouco a cabeça para falar com ele.

-  Ah! Já entendi. A senhorita Desconhecida não fala com estranhos, não é? Turistas e seu anti-socialismo. – Resmungou o garoto antes de abrir outro sorriso para ela.

Ela pegou, com uma certa dificuldade e meio sem graça, os livros da mão do garoto.

- Não, não é isso. É que estou .. um tanto perdida. – Mentiu a garota.
- Está a procura do que, ou melhor, de quem? Porque uma moça como você com certeza estaria a procura de seu namorado, ou quem sabe de seu noivo. Não é, senhorita Desconhecida? – O garoto parecia agora mais gentil.

- Meu nome é Julia, você pode me chamar, por favor, pelo nome? – disse descontente -  Pois é um tanto desagradável ser chamada de “senhorita Desconhecida” . E eu vim de São Paulo à procura de uma tia que não vejo desde minha infância, preciso achá-la. Seu nome é Anita, só tenho comigo nome e endereço, espero que ela ainda more no mesmo lugar.

- Tudo bem então, “Julia”. Desculpa, não queria te deixar nervosa. - disse o menino desconcertado - Espero poder ajudá-la em sua procura. Sempre quis ser investigador, posso me divertir e até quem sabe dar uma olhada em sua ficha criminal? Dizem que meninas da cidade sempre são bem interessadas em se envolver em situações perigosas.

- Muito engraçado você, garoto - disse ela com uma cara de ironia.

- Ah sim, meu nome é Frederico, mas prefiro que me chamem de Fred, pra você não precisar me chamar sempre de garoto.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Apenas o Fim


OBS: Galerinha de 10 pessoas (contando com mamãe) que lêem o blog, como vão vocês? Hoje eu quero falar de finais de relacionamentos, eu tinha um dialogo real que ficou perdido por um tempo e resolvi remontar e acrescentar uns pequenos detalhes. Já tem quase um ano que o original foi escrito por uma pessoa bem especial pra mim, mas que por infelicidade da vida não esta mais por perto. Espero que o texto continue com qualidade, apesar deste ser quase um  texto de auto-ajuda.  Aproveitei , comentem, divulguem.


 Quarta-feira é definitivamente o “meio da semana”, como se por um dia tudo ficasse mais lento e tentasse um equilíbrio, tipo um pêndulo gigante chegando no seu médio. No entanto tudo de ruim sempre tem um lado bom, mesmo que minúsculo e insignificante. Quarta Feira é o dia de menos movimentos em quase todos os locais, shoppings, pizzarias, bares e lanchonetes, o que te possibilita horas de paz e tranqüilidade enquanto come algo e conversa com alguém.
 
 
Em um desses “meio de semana” em especial, dois amigos se encontram numa
lanchonete em especial, uma piso de madeira envelhecida na entrada e uma espécie de caramanchão. Coberto por ele, haviam oito mesas de vidro com recortes de jornais antigos na parte de baixo, cada mesa com quatro cadeiras de um desenho oval e cores variadas. Na parte de dentro ficava um grande estofado de ponta a ponta encostado na parede e grandes mesas quadradas na frente desse estofado, toda decoração era no estilo anos 60, com corres vibrantes e formas variadas, no balcão de atendimento ficavam cadeiras redondas daquelas que você podia girar distraidamente  enquanto pedia uma bebida qualquer, o tempo todo tocavam musicas no ambiente e eram sempre uma mistura de pop com rock antigo. O local não era grande mas dava uma impressão de acolhedor, na paredes ficavam discos de vinil antigos, mas bem conservados, de artistas antigos, dentro de cada banheiro havia uma foto de um cantor de rock lendário, tipo Elvis, ao lado deles tinha a historia do Jeans. A lanchonete ficava perto de uma rua movimentada, onde varios outros restaurantes e bares estavam abertos e cada um deles com um público diferente mas todos muito animados.

 
Sentados em uma das mesas  na parte externa da lanchonete estavam dois amigos, sentados de frente um pro outro, um com um olhar meio baixo e outro procurando dentro da lanchonete um garçom para atende-los. Toda semana eles marcavam uma espécie de happy hour, que tinha mais como objetivo conversar sobre tudo que acontecia com eles durante a semana ou apenas comer besteira e tomar coca cola. O amigo 1 era alto,cerca de 1,80 cm, cabelos pretos lisos e curto, olhos pretos, usava óculos, era magro e tinha uma cara da intelectual, vivia alegre e quase nunca reclamava de seus problema e vida. O amigo 2 tinha cerca de 1,70, atarracado, meio gordinho, cabelos cacheado e olhos verdes,  sempre vivia com idéias na cabeça, muitas delas deixavam ele pra baixo, inteligente e criativo.

 
Naquele dia em especial, eles saíram para discutir sobre relacionamentos, já que o amigo 2 havia terminado o namoro de dois anos. Acabado, pelo fim, ele não acreditava mais em muitas coisas que pudessem fazê-lo feliz mas seu amigo, sempre otimista, estava lá para tentar animá-lo dizendo que a vida continua e que até do infortúnio se tira algo bom.

Amigo 2 - Então, o que você acha da gente pedir aquele super hambúrguer uma Coca Cola infinita, quero sair daqui carregado. - Falou, com os cotovelo direito apoiados em cima da mesa e com o queixo em uma das mão olhando para o amigo de cabeça baixa.

Amigo 1 - Coca cola infinita? Com certeza. - Respondeu o amigo, com o olhar baixo, “futucando” o celular, na busca de algo pra distrair.

O Amigo 2, levantou o braço em direção ao garçom, que veio direto para mesa atendê-los, pediram dois dos maiores hambúrgueres com tudo q tem direito e dois copos de refrigerante, sem medo de ser feliz. No momento que o garçom foi buscar os pedidos, o Amigo 1 respirou fundo levantou a cabeça deixou o celular de lado por uns instantes e olhou fixamente para o seu amigo ali na sua frente sorrindo e disse:

Amigo 1 - Sabe aquele dito popular que diz : “A gente se fode, mas se diverte”? Acho melhor eu mudar para “A gente só se fode, mas nunca se diverte”. Só me frustro por uma diversão momentânea, igual quando você ve Harry Potter depois de ler o livro, você torce, espera, vê a propaganda, e quando acaba se frustra porque não foi 1% do que você esperava, apesar de ter sido legal. - Disse ele com uma voz melancólica.

Amigo 2 – Pensando bem, apesar de eu ter passado por relacionamentos conturbados, acho que nenhum deles foi um GRANDE fiasco amoroso, até porque eu não me arrependo de nenhum dos meus amores; eram pessoas fantásticas que me proporcionaram momentos fantásticos e repetiria cada segundo, se me fosse dada outra chance, o que nem sempre aconteceu. Por mais frustrante que tenha sido, por mais que tenha doido muito por semanas.- Ele disse isso sorrindo pra o amigo.

 
Mais uns segundos se passaram, as pessoas caminhando pela rua, conversando sobre vários assuntos diferentes, os sons se misturavam aos dos carros passando e musica dos outros restaurantes.

Amigo 1 - Cada namorada que tive, por mais complicado que tenha sido, me proporcionou um momento único, um aprendizado de como devo me portar daqui para frente. Definir o que uma menina quer nunca é algo fácil, pelo contrário, se elas mesmas não sabem, quem sou eu para dizer. - Ele olha para trás, pra ver se a coca cola já esta a caminho.


Amigo 2 - Sempre que terminamos, nos sentimos sozinhos, percebemos que nossa rotina era modificada para que você ficasse mais perto da pessoa, por mais tempo.
O que dá a falsa impressão de que nosso mundo girava em torno daquela pessoa, o que não é verdade.

Amigo 1 – Sim, fomos nós que nos dispomos a tê-la perto de nós o maior tempo possível. Isso não quer dizer que na nossa cabeça, não passe um pequeno filme dizendo que tudo que fizemos foi em vão. Parece que só a gente é tão diferente que ninguém tenta manter ou consertar tudo pra ficar com agente. - pensou ele triste - Vejo muitos casais por ai que o cara ou a menina trai, bagunça, xinga , briga e uma semana depois estão junto - Ele baixa a cabeça novamente triste por aquele pensamento.

Amigo 2 - E demora um tempo até os olhos voltarem a enxergar que não é porque acabou, que o mundo passou a se mover diferente. Ele sempre esteve ali, seguindo seu curso, e você aqui, parado como um bobo, deixando o tempo passar. É nessa hora que eu abro meu sorriso verdadeiro, pois descubro que ainda posso voltar a procurar alguém para me entregar de novo. - Ele dá um tapinha no ombro do amigo.

 
Nessa hora o garçom volta para mesa e o silêncio toma conta dos dois, o barulhos das pessoas nas mesas ao lado, o sorrisos descontraídos das conversas, chamou a atenção dos amigos por uns minutos. O garçom deixa dois copos de coca-cola bem gelado na mesa, ambos abrem um sorriso meio sem graça e dão uma profunda golada em suas bebidas.

Amigo 2  - Eu sei que você vai ficar na sua mentindo o sentimento para tentar esquecer - disse o amigo quase engasgando com o gole de refrigerante gelado -  perda de memória recente é a sua melhor desculpa. Hoje eu tenho um certo receio de sofrer, tiveram varias vezes que deixei oportunidades passarem, pois sabia que iria me apaixonar pela pessoa. Talvez tenha sido melhor na época, acho que não teria dado tudo de mim, ia ser frustrante saber que não fui o melhor que pude, mas, hoje, se a oportunidade voltar a aparecer, pretendo não desperdiçá-la.

Uma risada saiu dos lábios do amigo 1 ele sabia que sempre era dessa forma que ele deixava os problemas de lado, tentava esquecer como uma amnésia proposital, o que nem sempre da certo.

Amigo 1 - Eu sempre digo que não vou tentar, não quero saber de mais ninguém, mas no fim das contas aparece alguém interessante na sua vida. - enquanto ele falava mexia com o dedo nos talheres que estavam na mesa -  Até hoje eu tentei não ir contra o que decido, mas nunca acerto e só me dou mal. Vamos parar com esse papo deprê. Se é o fim do mundo, “borá” construir outro Big Bang e reorganizar o universo - Ele levanta animado sua Mao e da um grito para o garçom -  TRAZ OUTRA COCA COLA!

Amigos 2 - Eu tenho o privilégio de ter um bom relacionamento com todas as minhas “ex-namoradas”, e mais: de ser amigo de muitas delas. Fico feliz em tê-las por perto, elas ainda são pessoas muito especiais.

Amigo 1 - Sabe cara, eu sempre tive problemas com minhas ex´s. Terminava com raiva por tudo ter acabado, depois as via felizes e eu na fossa como sempre. Por que? Percebi, depois de conhecer você, que eu posso mudar meu jeito, tentar tê-las como amigas pode ser melhor; se você consegue, eu acho que também consigo, apesar de ser mais doloroso do que eu pensava. Relacionamentos são feitos de duas partes. Se você tem certeza que fez sua parte, então seja feliz.

Amigo 2 – eu sei que não é fácil, dói no começo, mas as gargalhadas que vêm depois compensam, EU GARANTO.

Amigo 1 - O complicado é que você sabe que podia ter sido mais, só que se você não está disposto a crescer junto, não há mais porque alimentar nada. Amor ainda existe, pelo menos para mim, mas agora é hora de transformar tudo em uma bela amizade. Mas sabe o que é o pior do fim de um relacionamento? É o que diz na música “1º de Julho”, que você disse não parar de pensar e eu concordo com você nessa parte: “Eu vejo que aprendi, o quanto te ensinei, e é nos teus braços que ele vai saber”... isso é realmente sofrido, saber que tudo que vocês aprenderam juntos vai ser usado agora com outra pessoa.

Amigo 2 - EXATO, não se pode deixar que o sofrimento de um final se apague a felicidade dos momentos vividos. Lembre-se de como você foi feliz, de como a pessoa te fez bem... e procure alguém que te faça mais feliz ainda e não desista até encontrar, a vida sempre segue.

Amigo 1 - Transforme suas individualidades em crescimento mútuo!


 
A noite continuou, não até muito tarde, depois de animar o amigo, os dois conversaram mais algumas coisas, e o assunto foi sumindo. Eles comeram e beberam muito refrigerante, quase não dava pra levantar da cadeira depois.
 
As vidas continuaram e muitas vezes depois eles voltaram aquele lugar sempre em suas quartas feiras de happy Hour.

Revisão: Mirela Musso

quinta-feira, 28 de abril de 2011

OPUS


 OBS: Olá amigos que sempre passam aqui para ler meu Blog e que gostaram das primeiras estórias. Sei que muitos queriam a continuação do “Seja Feliz e passar Bem”, mas decidi colocar um texto menor e mais leve, pra dar uma relaxada nas nossas cabeças depois desse turbilhão de emoção que foi o ultimo post. Esta é uma estória antiga que escrevi tem uns 5 anos. É bem simples, mas gosto muito dela, espero que gostem e comentem e passem pros amigos.
 
Opus

     Um dia normal no paraíso. Tudo estava na mais perfeita plenitude de Deus, os anjos cantavam, as almas caminhavam em ruas de ouro, uma linda fonte jorrava águas cristalinas, o céu era como uma pintura onde as nuvens apenas existiam como uma alegoria simples. Deus estava em seu lugar preferido, uma grande sala incrivelmente branca e com uma quantidade enorme de barro. Era como se não existissem janelas na sala, de um lado, Deus tinha uma visão completa do paraíso, onde conseguia acompanhar tudo – o que seus anjos faziam, pra onde iam, com cada pessoa e o que eles falavam – , do outro lado da sala ele poderia olhar para a mais bela de suas criações, que tinha orgulho e prazer de dizer que era Sua Querida Terra. Por todo o espaço ficavam projetadas várias mesas, sobre elas existam pequenos montes de barro ainda sem forma completa, somente o que pareciam ser pernas e braços. O todo poderoso passava horas moldando e dando seu "sopro de vida"  e aqueles seres que em pouco tempo iriam ser chamados de homens. Enquanto olhava a terra, suas criações vagavam pelo planeta, vivendo suas vidas, cuidando de suas famílias, estudando, sendo capazes, em sua maioria, de evoluir a cada geração.

- Como pode um ser conseguir ser tão diferente um do outro saindo do mesmo sopro, alguns prosperavam pelo bem, outros destruindo tudo a sua volta, fazendo seus irmãos sofrerem - pensou ELE.

Naquele momento de reflexão sobre sua criação, em suas mãos haviam dois moldes pequenos como os outros, mas Deus já estava á um bom tempo trabalhando neles, passava suas mãos, sobre o barro, voltava a forma original, refazia tudo novamente. Parecia que seus pensamentos eram refletidos em cada toque.

 - Quantos seres já foram a terra para seguirem suas vidas e buscarem as respostas para as perguntas mais simples, sendo que elas estão dentro de si próprios.

Mas Deus nunca interferiu, pois havia dado a eles um dos mais sublimes dons, o livre arbítrio. Dom esse que nem os anjos tinham direito.
Ao tocar aquele molde quase pronto o todo poderoso teve uma idéia:

- Existem tantos moldes aqui e cada um com uma vida independente, vivendo de forma desordenada só pensando em si mesmo, quem sabe se eu fizesse dois serem vindo do mesmo molde, homem e mulher, para que isso mude ao menos uma vez - a idéia alegrou imensamente a Deus.

Quase no fim do seu trabalho, depois de séculos trabalhando naqueles moldes e antes do sopro de vida ELE disse:

- Vocês são fruto do mesmo barro, os dois serão separados e viverão vidas distintas. Porem com muitos detalhes em comum, terão as mesmas experiências dolorosas, viverão momentos felizes quase com a mesma intensidade, até que um dia se encontraram e sentiram que suas vidas estão unidas por uma força estranha e inexplicável, mesmo assim nada será imediato, mas no fim saberão que são a mesma coisa. Sendo assim mandarei o menino primeiro, para que seja mais forte e proteja sua metade no futuro, essa diferença de idade no futuro não será notada por nenhuma das partes.

Antes de mandar o menino, o Todo Poderoso pensou bem de que família ele nasceria, em sua janela enorme que dava para Terra apareceram varias famílias, em seus momentos mais íntimos e corriqueiros. Deus olhava atentamente para uma delas, passando sua mão sobre seu rosto inexistente ele tentava escolher a melhor alternativa para seu escolhido. Do lado de cada pessoa e família aparecia as possibilidades infinitas da vida de garoto, desde o nascimento ate a morte. Então enquanto olhava aquilo, uma mulher chamou sua atenção, parecia estar trabalhando em uma casa de família; ela era jovem, cabelos pretos e ondulados, morena, mais ou menos 1,60 de altura, magra e com um belo sorriso no rosto.
Aquela jovem já chamara atenção de Deus algumas vezes. Sua família rígida e religiosa, privou ela das complicações do mundo. Sua mãe morreu quando ela ainda era pequena, isso atrapalhou um pouco sua concepção de mãe, mas ela mesmo assim mantinha uma consciência materna, cuidando de seus irmãos pequenos. Agora com seus 20 anos ela estava fora de casa trabalhando a maior parte do tempo, na outra parte do seu tempo ela procurava sair e conhecer gente nova. Em uma noite qualquer ela conheceu um rapaz, e os dois começaram a namorar, nada muito apaixonante, mas ela gostava dele.
Ao ver que ela estava caminhando em uma direção duvidosa , bem na hora que Deus estava fixado em suas imagens:

- Já que esta historia tem de ser diferente, vamos começar pela mãe desse garoto.


Deus então fez quem o menino nascesse dessa mulher, assim que ela terminou seu namoro de 2 anos descobriu que estava grávida, no começo ela ficou apavorada com o que poderia acontecer, seu pai, amigos e uma parte de sua família simplesmente abandonou a jovem, mas ela não desistiu do garoto cuidando dele como um presente de Deus e lhe ensinando a dar valor das coisas simples da vida. Com o garoto, Deus colocou seus anjos, pois ele era um de seus escolhidos e sabia que por sua alma ser frágil ele necessitaria de proteção, assim como sua mãe a qual ELE amava muito e não queria que eles fossem engolidos e destruídos pelo mundo que os cercava.
Alguns anos se passaram e Deus enviou a menina, tendo mais tempo de pensar e observando o que fez com o menino, escolheu para ela uma família completa de origem semelhante as do homem, mas com uma condição de vida estável, que possibilitou que tivesse uma vida mais tranqüila. Sua mãe foi criada também dentro de conceitos religiosos, que fez com que ela acreditasse em um poder maior que mandava em todo o universo, uma mulher forte que buscava sempre se manter sem precisar de outras pessoas, ela também conheceu um homem e deu origem a sua filha, que nasceu sobre um olhar feliz e querido.
Ambos cresceram sobre os olhares de Deus e os cuidados dos anjos, o menino desde pequeno sentia que era diferente. Em sua infância o garoto conseguia se divertir, mesmo com as coisas mais simples, nunca reclamava das horas longe da mãe, que trabalhava muito. O menino brincava com todos, em qualquer lugar, ficava imaginado que o mundo era criando a sua volta toda vez que ele viajava para algum lugar. Na adolescência começou a ter problema com ele mesmo, tentava sempre buscar a solução dos seus problemas sozinho, constantemente tentava sobre sair frente aos seus amigos, mas não conseguia, sempre era deixado de lado. A partir daí, procurou criar seu próprio mundo onde ele poderia ser o que quisesse, começou assim a se desenvolver mentalmente, como conseqüência ele evoluiu mais rápido que seus amigos mais próximos.
O menino agora mais crescido, refletia sobre sua vida e tudo que vivera até ali, então percebeu o motivo pelo qual sofreu tanto. Olhando seus amigos antigos, que eram populares e festeiros, percebeu como eles estavam estacionados no tempo, sem perspectiva de futuro, enquanto ele estava se preocupando em crescer em ser alguém, se ele tivesse entrado naquele mundo também estaria como eles, “para tudo nessa vida há um motivo”, pensou ele..

 A menina estudou nas melhores escolas, teve uma infância feliz com sua família. Na adolescência, aprendeu a lidar com a separação dos seus pais. De alguma forma isso mudou um pouco o rumo de sua vida, mas mesmo depois de muitas frustrações. Algo sempre lhe faltava, procurava de todas as formas completar esse vazio, mas nada funcionava por completo, por muitas vezes ela insistia em se afastar do seu caminho original, a impaciência não a deixava  ouvir uma voz que dizia, bem no fundo de sua cabeça, “Espere só mais um pouco ele está chegando, fique atenta”. Continuou crescendo cheia de histórias para contar, envolvida eloqüentemente no mundo que a cercava.
Deus olhava tudo do firmamento e dava uma risada, pensando em como eles iriam se sentir quando soubesse que a falta que eles sentiam e simplesmente sua matéria chamando pelo outro. Eles tiveram relacionamentos com outras pessoas, no entanto não era de todo completo, no começo tudo era bom, como em todo começo de namoro, mas depois de um tempo sempre aparecia alguma coisa e fazia o encanto acabar e tudo voltava como era antes, ficavam sozinhos e achando que o problema era deles e que não mereciam viver um grande amor como todo o resto do mundo.
Anos se passaram e eles agora estavam com suas mentes centradas em coisas mais concretas como os estudos e ser um adulto, longe das asas de seus pais. Aproveitando essa oportunidade Deus fez com que o menino mudasse de cidade para começar a estudar, foi assim que ele conheceu novas pessoas e começou a mudar de vida completamente. No começo tudo era difícil, a distância da família deixava o menino por muita vezes triste, que tentava não pensar nisso a todo instante.. Bem longe dali a menina começava seus estudos e em um dia sem querer conversando despercebido conhece uma pessoa e com ela começa uma amizade forte, após longas horas de conversa, eles trocam telefone.   Os dois conversam pela primeira vez naquele dia, mas no inicio não houve interesse,afinal eles estão apenas se conhecendo. Mesmo assim contrariando todas as possibilidades, após muita conversa resolveram  tentar sair para uma conversa, foram ate um pequeno café perto da casa dela, era um lugar pequeno com uma decoração de marrom, variando do claro ate o escuro, o cheiro de café era deliciosamente forte, tinham pequenos sofás onde as pessoas sentavam e conversavam alegremente, no canto da parede tinha uma pequena estante com livros variados para que os clientes pudessem tomar uma deliciosa chicara de café lendo algo interessante. Neste ponto eles se sentaram e começaram a ler um livro, que os acabaram de descobrir que gostavam, com isso os dois perceberam que tinha muito mais em comum que o normal. Deus, em seu grandioso trono de ouro na eternidade ria ao lado de milhares de anjos que cantavam em honra de sua grande idéia pensando: “eles não sabem de sua origem, e nem que pertencem um ao outro”.

Horas se passaram e eles nem perceberam, enquanto comiam uma torta ele reparara que tem um pedaço de doce no canto da sua boca:

- Fica parada que tem uma coisa aqui na sua boca – ele toca seu rosto e sente que seu rosto fica quente.

No momento em que ele toca no rosto dela, os dois sentem seus corpos formigando e ele mesmo sem perceber a puxa pra perto com uma agilidade que nem mesmo sabia que tinha. Finalmente se beijam, foi como uma explosão imensa de prazer, em uma caixinha de bombom, na manhã de um sábado ensolarado.
Todos nós queremos saber o que acontece depois, a única coisa que temos certeza é que muitas dificuldades ainda os esperam, como em qualquer relacionamento e vida á dois, mesmo eles sendo feitos da mesma coisa nada faria eles fugirem disso e agora eles sabiam que todo o sofrimento, namoros mal sucedidos era simplesmente Deus preparando os dois para um amor de verdade.
 Deus declarou festa no paraíso, os anjos voavam felizes e cantavam músicas em homenagem a grande OPUS de seu mestre. Alegria de Deus era tão grande que ele pensava em fazer mais iguais á eles, antes ELE lembrou aos dois no dia do nascimento do seu primeiro filho: “Eu lhes dei uma benção, a vida, e nela está guardada um amor sem igual e a partir de agora vocês terão de cuidar desse amor, e eu ainda estarei olhando vocês para que as minhas criações continuem unidas como uma só forma”

Começo da continuidade.


Luiz Paulo Marçal - entre 2003 e 2007 

Revisão: Lola Martins

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Seja feliz e passar bem!


OI pra você que leu a primeira estória que escrevi.

Hoje apresentarei outro conto pra vocês, uma ficção tem como base duas músicas do músico e compositor Chico Buarque, “Olhos nos Olhos” e “A mais Bonita”. Após ver uma pequena parte do documentário, lançado em 2005, sobre a trajetória de Chico desde 1960. Meu dedo ficou coçando para escrever algo sobre o que essas músicas contam.
Toda música tem um certo poder educativo; para o leitor que gosta, vale a pena ter em casa os dvd´s com o documentário de nome “Chico Buarque a Serie”. Se não conhece muito sobre Chico, corre na locadora perto da sua casa e aluga, depois me conta se você não se apaixonou pela descrição da natureza humana de forma tão vivida e realista. Ah! Tem um filme,também, chamado “Budapeste” que foi baseado em um livro homônimo.

Aproveite a narrativa.

Seja Feliz e Passar bem

Mês de Maio. Estamos em pleno outono e as ruas de asfalto preto estavam repletas de folhas de várias cores, algumas amarelas, outras verdes, mas muitas com uma cor desbotada. Apesar do frio o sol iluminava, usando o máximo de sua força, naquela ruazinha cheia de casas coloridas no estilo colonial, com cercas vivas crescendo, com árvores por todo seguimento, quase que em frente a cada casa, o que dava a rua um ar aconchegante e familiar.
  Quase no fim da rua, na penúltima casa para ser exato, com um gramado que ia da calçada até a escadinha da varanda, onde havia um jardim com uma pequena casa de cachorro, o  mascote da família; um balanço de madeira vermelho com uma caixa de areia em baixo. A casa tinha dois andares, a frente e as laterais eram douradas, no segundo andar ficavam os quartos com grandes janelas viradas para rua.
Neste lugar morava ELA com seus 26 anos de idade, um metro e setenta de altura, cabelos pretos com cachos cheios, olhos castanhos, quase mel, com pontinhos coloridos. Corpo magro, porém, com belas curvas; sua pele branca combinava bem com o contraste do seus lábios carnudos e vermelhos que pareciam estar em carne viva. Estava acabando sua faculdade de Biologia, sua paixão, era professora substituta de seus professores na faculdade e dava algumas aulas particulares para alunos do segundo grau.
A direita de sua casa morava uma senhora de uns 70 anos, vivia sozinha com seus três gatos e dois cachorros que ela tratava como filhos, passava o dia conversando e alimentando-os. Apesar de seus cabelos brancos ela não aparentava a idade que tinha, mas olhando sua postura e jeito de falar deixava claro que ela já havia vivido muita coisa e sua sabedoria era grande. Na casa da esquerda morava um casal recém-casado. Todo dia pela manhã ELA ia até a janela olhar o marido, que sempre se despedia da mulher com um abraço demorado e um beijo carinhoso.

- Logo será minha vez de ser feliz assim. – disse ELA com sorriso e seu rosto ficou vermelho.

ELA namorava há dois anos e estava a um ano e meio noiva do seu rapaz perfeito -  tinha 1,80 de altura, magro, com corpo bem trabalhado, educado, simpático. Era médico e trabalhava em um grande hospital da cidade. Toda vez que as pessoas viam os dois juntos, diziam que podiam ver a felicidade nos olhos de ambos e que eles seriam felizes para sempre com uma família cheia de amor e carinho.

No dia em que ELE á pediu em casamento deu a ELA um apartamento no centro da cidade, como presente de casamento adiantando e disse olhando no fundo dos seus olhos:

- Eu quero morar em lugar “cheio” de você, com seu toque e seu cheiro em cada pedaço da casa. Quero poder sentir você, mesmo quando não estiver em casa. – disse ELE em seu ouvido depois de envolver-la com seus braços grandes e protetores.

Cada vez que ELE á abraçava ela sentia como se o chão não existisse, em qualquer lugar que isso acontecesse, mesmo que fosse em um local com milhares de pessoas, era como que o segundo parasse e ela só ouvisse a sua voz e som dos beijos apaixonados. A sensação que ela tinha quando suas bocas se tocavam era que seu coração parava um instante, como se o sangue perdesse o rumo dentro de corpo, confuso na emoção. Suas pernas ficavam moles quando ELE a puxava pra perto segurando sua nuca com uma das mãos e com a outra suavemente segurava em sua cintura.
 Faltando apenas duas semanas para sonhado casamento, ELA estava em seu quarto de janelas grandes, com um interior tipicamente de meninas, armários com várias bonecas que ela ganhara quando criança. No outro canto da parede uma estante recheada de livros, uma cama de solteiro no meio do quarto com um edredom bastante confortável na sua cor preferida ,o verde; uma escrivaninha, onde estava seu computador com algumas páginas de pesquisa abertas e uma mensagem de sua amiga pra que não esquecesse da sua festa de formatura naquela noite.
As cortinas estavam parcialmente fechadas, mas um pouco da luz de fim do dia ainda passava pela janela, ela estava se preparando para um bom banho antes do tradicional “momento de mulher”, escolher a maquiagem, ela mesma preferia arrumar seus cabelos, adorava seus cachos, qualquer penteado ficava perfeito naqueles cabelos pretos cheios e longos. Naquele momento seu telefone tocou e a imagem que apareceu era de seu noivo e junto um toque uma música que significava muito para os dois. Ela que já estava no banheiro, voltou correndo e deu pulo na cama no mesmo momento que pegava o telefone no criado-mudo, onde ficava um abajur e seu despertador antigo.

- Oi amor, eu estava indo tomar um banho antes da festa de formatura. Mas pode dizer, ainda tenho tempo – disse ela com sua voz doce.

- Será que posso passar na sua casa antes de você sair? – Perguntou ELE com uma voz pesada.

- Claro, mas você ta bem? Sua voz esta um pouco estranha, aconteceu alguma coisa com sua mãe?

A mãe dele era uma jovem senhora que sofria de transtornos psicologicos, tinha seus altos e baixos, a ponto de preocupar até mesmo seu psiquiatra.

- Não, não. Mamãe tá ótima. Preciso somente conversar com você URGENTE! – Disse ele dando ênfase na última parte e um sorriso sem graça.

ELA já que estava se levantando, sentou na cama e continuou:

- Tudo bem, eu vou tomar o meu banho quanto você chega. Te amo coração.

ELE desligou sem mesmo dizer tchau. ELA desligou o telefone e olhou para o computador ainda com a mensagem da sua amiga sobre a festa e pensa o que poderia ter acontecido para ele ficar assim tão sério, do nada. Tentou lembrar das últimas semanas, últimas conversas, nada vinha em sua cabeça. Então, ELA levantou e pensou “Ah não deve ser nada, vou tentar pensar em algo bom, ele deve ta querendo brincar comigo”. Levantou da cama e foi correndo para seu banho relaxante e dar tempo de pelo menos ajeitar seu cabelo e uma maquiagem leve antes que seu príncipe chegue.
Quando saiu do banheiro, enrolada na toalha, ELE estava sentando na cama, com um rosto triste e a batido, mexendo em seu telefone. ELA surpresa, andou rápido e deu um abraço forte nele, mas não recebeu reação em troca.

- Temos de conversar – Disse ELE de forma seca e rápida.

- Tá bem amor, deixa só eu ...

ELE se levantou da cama, colocou o celular no bolso e foi andando até a janela de um jeito nervoso e sem se preocupar com o que ela ai dizer.

- Eu não sei como dizer isso, já pensei mil e uma formas. A verdade que, já estou cansado de tudo isso, estou me sentido pesado com todo nosso relacionamento, não me sinto mais feliz, não tenho vontade de sorrir, de sair com você e seus amigos de te entender. Por mais que isso seja algo idiota de dizer, mas o problema sou eu.

Cada palavra que seu amado dizia, era com uma faca entrando em seu peito, suas pernas e seu corpo foram curvando-se até ela sentar em seu “puf” de cor azul que ficava do lado da cama.

 - Aonde você quer chegar com isso? Sei que temos nossos problemas, como qualquer outro casal, mais nos amamos isso que importa – disse ELA com a cabeça baixa e o rosto incrédulo.

- Tenho outra pessoa – disse ELE ainda olhando pela janela. Algumas crianças andavam de bicicleta pela rua.

- Você o que? Você disse que tem outra pessoa? Desde quando isso aconteceu? Não posso acreditar no que estou ouvindo, minha vida sempre foi sua. Como você tem a coragem de me trair assim dessa maneira, e me dizer “te amo” todos os dias. – Sua voz saia com uma força incrível para seu pequeno tamanho.

ELE andou rapidamente em sua direção, ajoelhou a sua frente segurou seus ombros de forma que ELA o encarasse, seus olhos estavam vermelhos e cheios de água. ELE falou com ELA em voz calma.

- Eu te amei, mais que a mim mesmo durante todos esses anos, mas tudo se tornou um peso, não quero te ver sofrer, mas queria que você soubesse por mim que estou amando outra pessoa. Ela tem sido tudo aquilo que você deixou de ser para mim. Não vou pedir que não me odeie, por que eu mesmo já estou me odiando por dizer isso com tanta frieza. Vou embora, não quero piorar mais ainda o jeito que você está.

ELE se levantou, olhou-a sentada, a luz de um carro passa pela janela, e reflete na parede a sombra de dois seres de cabeça baixa, uma sombra escura e sem vida.


- Espero que você me entenda um dia, seja feliz e passar bem.

Autor: Luiz Paulo Marçal - 20/02/2011
Revisão: Lorrany Martins

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Anoiteceu



NOTA: OI pra você que ta lendo. Eu ia escrever uma coisa diferente para o primeiro Post, mas achei esse texto perdido em me computador. Achei mais legal Publicar ele.  Sei que vão gostar.


Anoiteceu


     Uma madrugada fria corre silenciosa e algumas pessoas dormem cansadas de uma semana dura de trabalho, outras casas estão vazias, afinal são quatro da manhã e para muitos a diversão noturna só esta começando.

      Em um condomínio de prédios, todos parecidos uns com os outros e de aspectos simples, existia um quarto de tamanho médio, limpo, com uma prateleira de madeira com livros variados: um pouco de história, algumas biografias, Best Seller, muitos filmes que mostravam que o dono gostava da sétima arte. Séries e boxes de filmes corriam de ponta a ponta do armário que ficava a uma altura onde qualquer pessoa que entrasse pela porta do seu quarto via todos os títulos separados em ordem de estilo. Um grande armário como uma mesa também feita de madeira, nela era possível estudar e guardar algumas coisas em uma das oito gavetas que existiam nessa espécie de escrivaninha. Sobre ela permanecia imóvel sua TV gigante, alguns cadernos de anotação, revistas cientificas e pequenos bonecos que ganhou de seus amigos.

      O quarto tem uma cama de solteiro, a única coisa que ocupa a maior parte do quarto, um guarda-roupa embutido de cor marrom, onde ele guarda seu “bebe azul”, um violino elétrico que ele parou de tocar por que não tem tempo para se dedicar.

      Naquela cama de solteiro, repousavam dois corpos, despidos de suas roupas e de qualquer fôlego que poderia ter existido em seus pulmões. O corpo dela ofegante, levemente avermelhado pelo calor do momento, pequeno e magro, suas curvas mudavam de forma quando ela respirava, seus cabelos longos e escuros corriam sobre o travesseiro com fronha vermelha. O corpo dele tomado com um brilho que vinha do contato da luz da rua e seu suor sua pele que parecia macia e tinha um cheiro amadeirado que dava um conforto estranho quando ela o abraçava e respirava perto de seu pescoço.

      Ele tinha acabado de dizer que a amava, bem na hora do seu prazer mais intenso, a frase ficou na cabeça dela. Pelos segundos após o que havia acontecido e enquanto ela recobrava seu fôlego, suas pernas ainda estavam entrelaçadas as dele, trêmulas e dormentes. A  sensação era que seus corpos flutuavam.

     Ela percebeu que ele estava quase adormecendo em seus abraços, ficou feliz por ver que ele estava tão calmo e por ter ouvido essas palavras bem depois dessa noite tão linda e romântica. Uma música calma tocando no som do quarto, ela ouve pingos de chuva lá fora, quando percebe que aquela única projeção de luz entrando pela janela com persianas brancas repousava exatamente sobre rosto de seu amado, ela sorri em quanto acaricia as sobrancelhas escuras desenhadas dele e desce o dedo sobre seu rosto, como se quisesse gravar em sua mente cada detalhe de sua face, para que depois ela pudesse reviver cada segundo.

    - Parece um anjo com toda essa paz e ele agora é só meu. – pensou ela feliz por ele existir e pertencer somente a ela.


Luiz Paulo Marçal – 8 de junho de 2010