quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Fragmento de Estória



OBS: Ola, depois de um tempo não queria deixar aqui perdido. Essa Estória foi feita em conjunto com uma amiga. Mas nunca teve um fim...

Em uma tarde de outono vazia, fria e cinzenta que fazia deste um dia sem importância, uma garota de olhos escuros e tristes, magra, cabelos longos e pretos ate a cintura, estava em frente a um posto de gasolina. Ela olha, respira desanimada, move seus pés pequenos calçando um allstar rosa em direção a pequena loja de conveniência que não lhe parecia nem um pouco agradável. O ambiente parecia saído de um filme antigo, cheirava a mofo, era empoeirado demais para alguém com uma ponta de dignidade e bom senso se sentir a vontade e ela acostumada com a cidade grande, onde tudo era limpo e organizado cheio de movimento e cores para agradar as pessoas que viviam de forma elitista e egoísta e não enxergavam nada alem de seus objetivos diários. Mesmo assim, segue em direção a porta de madeira escurecida com vidros sujos, uma “sineta” faz barulho acima da porta e ao entrar, todos os olhares se voltam em direção a ela.
Alguém no caixa lhe cumprimenta como se por educação, sem obrigação de parecer ser gentil e no balcão o atendente de olhos caídos com um gorro amassado, um avental sujo e cabelos raspados atendia a um senhor de sorriso aberto mostrando a falta de um dente. Toda essa mudança de ar não deixava sua cabeça se distanciar de sua cidade e vida. Como estariam seus amigos? Como Pedro estaria? Será que ele ainda se lembrava dela? Será que não bastava ela ser culpada por algo que nem sequer estava envolvida? Será que ela teria mesmo que viver naquele maldito lugar? Todos pesavam seus pensamentos, uma dança dramática e com um final rancoroso.
Um passo em falso fez com que Julia tropeçasse e chamasse mais atenção. Imóvel e perfeita como uma estatua recém terminada, seus olhos ficaram baixos, seu cabelo caiu sobre o rosto belo e doce que ao mesmo tempo parecia esconder mil segredos de uma garota confusa. Seus pensamentos foram interrompidos por uma voz trêmula e apressada que recolhia seus livros espalhados pelo chão.

- Desculpe minha desatenção, “desconhecia”. – Dizia o garoto em tom de deboche e com um sorriso tímido.

Julia ainda parada apenas sorri, aquele rosto não lhe parecia estranho. Ela o conhecia, só não conseguia compreender de onde. Aquele menino de cabelos lisos arrepiados e avermelhados, tinha um sorriso tranquilizador e pacifico, parecia não pertencer aquele lugar, ele era levemente maior que ela. Ela percebeu isso quando ele se levantou e entregou-lhe os livros e teve que levantar um pouco a cabeça para falar com ele.

-  Ah! Já entendi. A senhorita Desconhecida não fala com estranhos, não é? Turistas e seu anti-socialismo. – Resmungou o garoto antes de abrir outro sorriso para ela.

Ela pegou, com uma certa dificuldade e meio sem graça, os livros da mão do garoto.

- Não, não é isso. É que estou .. um tanto perdida. – Mentiu a garota.
- Está a procura do que, ou melhor, de quem? Porque uma moça como você com certeza estaria a procura de seu namorado, ou quem sabe de seu noivo. Não é, senhorita Desconhecida? – O garoto parecia agora mais gentil.

- Meu nome é Julia, você pode me chamar, por favor, pelo nome? – disse descontente -  Pois é um tanto desagradável ser chamada de “senhorita Desconhecida” . E eu vim de São Paulo à procura de uma tia que não vejo desde minha infância, preciso achá-la. Seu nome é Anita, só tenho comigo nome e endereço, espero que ela ainda more no mesmo lugar.

- Tudo bem então, “Julia”. Desculpa, não queria te deixar nervosa. - disse o menino desconcertado - Espero poder ajudá-la em sua procura. Sempre quis ser investigador, posso me divertir e até quem sabe dar uma olhada em sua ficha criminal? Dizem que meninas da cidade sempre são bem interessadas em se envolver em situações perigosas.

- Muito engraçado você, garoto - disse ela com uma cara de ironia.

- Ah sim, meu nome é Frederico, mas prefiro que me chamem de Fred, pra você não precisar me chamar sempre de garoto.